Como preparar sermões melhores e mais envolventes?
Já se perguntou como tornar seus sermões mais relevantes? Já se sentiu frustrado por não conseguir manter o interesse das pessoas em suas pregações utilizando métodos tradicionais de homilética? Ou quem sabe esteja apenas procurando dicas para aprimorar suas mensagens?

Nessa publicação, Matheus Hetti faz uma breve apresentação de um método de homilética chamado “Sermão de Um Ponto”.
O sermão de um ponto foi popularizado por Andy Stanley e exposto no livro “Comunicação que Transforma”.
Prepare mensagens bíblicas mais memoráveis e persuasivas através desse método de pregação!
COMUNICAÇÃO QUE TRANSFORMA
A proposta do sermão de um ponto é comunicar a mensagem de Deus de maneira eficaz para transformar a vida e o caráter do ouvinte, não apenas para transmitir conhecimento.
Introdução
Pergunte-se: qual é o alvo, ensinar Bíblia às pessoas ou ensinar às pessoas a Bíblia? Qual o foco na preparação: Bíblia ou pessoas? No caso do primeiro, não há exigência de muita preparação, pois é mais fácil ensinar conceitos e histórias bíblicas do que aplicar a Bíblia aos problemas práticos da vida. Fazer essa aplicação exige mais preparação e criatividade.
O alvo da pregação deve ser ensinar às pessoas como viver uma vida que reflita os valores, princípios e verdades da Bíblia.
O objetivo é ensinar menos conteúdo para mais pessoas. Sua mensagem deve ter um ponto só. Passe o tempo destinado à mensagem durante o culto rodeando em torno desse único ponto. Tenha menos conteúdo e mais aplicação. Vivemos em uma sociedade pós-moderna, onde as pessoas cada vez mais têm dificuldades com concentração e memorização. Leve isso em consideração ao preparar suas mensagens.
Lembre que não estamos mais na era moderna. Uma característica desse período era a razão e o uso da lógica. Por isso que, nessa época, os sermões possuíam 3 pontos e eram organizados numa estrutura de apresentação de tese ou dissertação, próprio para ser lido. Andrew Watterson Blackwood era uma referência nesse tipo de sermão.
No entanto, vivemos na era pós-moderna. Nesse período, os ouvintes são mais convencidos através da emoção e têm necessidade de envolvimento relacional. O sermão deve envolver a pessoa, contar uma história dentro da qual ela se sinta parte.
Toda a bíblia é inspirada (II Tm 3.16 – é a palavra de Deus), mas nem tudo é aplicável. (Dt. 21.18-21 é um exemplo disso).
E a parte aplicável, não é aplicável em todo o tempo, ou em todos os estágios da vida. Por exemplo, experimente aplicar Pv. 31.10-31 para um encontro de homens; ou o texto de Gn. 38.6-18 ou a história de Davi e Bate-seba para uma classe de pré-adolescentes ou crianças; ou aplicar a passagem Mt 4.6,7 para a vida prática dos membros de sua igreja. Embora esses textos sejam inspirados, nem sempre podem ser aplicados de forma prática.
Comunicação é passar a parte aplicável, não apenas informação.
Maturidade espiritual vem com aplicação. A maioria dos problemas da igreja são causados por pessoas que conhecem a bíblia. Logo, apenas conhecimento, sem aplicação, não gera transformação de vidas. E o que você quer produzir: crentes apenas bem informados, ou pessoas transformadas?
I – Preparando o Sermão
Tendo compreendido que a aplicação é o alvo da pregação, você deve responder essas cinco perguntas quando prepara uma mensagem:
1°- O que eles precisam saber? (Informação)
– Qual é “a coisa”, a única coisa, que o público-alvo de sua mensagem precisa conhecer? Elabore a pregação em torno desse único ponto.
– É o fardo que o pregador vai descarregar. Algo que você precisa dizer.
– O que é “a coisa” que vai mudar a vida da pessoa? Sua comunicação deve chegar nessa “coisa” unicamente.
É útil formular o ponto único de sua pregação em uma frase, que será seu norte. Aqui vão alguns exemplos:
- Quando vemos o que Deus vê, fazemos o que Deus diz.
- Escolha o “difícil certo” ao invés do “fácil errado”.
- Todo mundo vive para sempre em algum lugar.
- Aceitação gera influência.
- Boas pessoas não vão para o céu. Pessoas perdoadas vão.
- Deus assume total responsabilidade por pessoas totalmente devotadas a Ele.
- Mudança de conceitos gera mudança de comportamento.
2°- Por que eles têm que saber isto? (Motivação)
– Esse item deve ser trabalhado na introdução da mensagem, para motivar as pessoas a prestar atenção.
– Se o público não está convencido de que precisa saber o que você está para dizer a eles, sua mensagem será vista como irrelevante.
– Preciso responder as perguntas e anseios do público, não os meus.
– Na organização final do esboço, esse item vem primeiro.
3°- O que eles precisam fazer? (Aplicação)
– Trata-se de alguns “temas de casa”. Peça que seu público faça coisas específicas a partir da informação dada.
– Essa é a parte central da mensagem!
4°- Por que eles tem que fazer isso? (Inspiração)
– Todo sermão é uma oportunidade de compartilhar uma visão. Inspire seu público a agir com base no que foi pregado.
– Use expressões como “Imagine se todos nós…”, “Imagine como seria a Igreja se…” Crie uma visão atrativa para seu público-alvo.
5°- Como posso ajudá-los a lembrar? (Reiterar)
– Aqui vale o uso da criatividade para ajudar os membros da sua igreja e lembrar da ação que devem realizar durante a semana. Exemplos de lembretes são cartões com versículos, imãs de geladeira, flores, e coisas do tipo.
II- Estrutura do Sermão
– Crie um mapa: Qual o princípio? Para onde estamos indo? Qual o ponto? Qual a melhor maneira de chegar lá?
– Não faça uma pregação abstrata e conceitual. Ao invés disso, crie um esboço relacional. Inicie falando dos desafios que eu (no caso, você como pastor) enfrento.
A estrutura a ser seguida é EU – NÓS – DEUS – VOCÊS – NÓS
EU – Fale sobre uma situação pessoal para se identificar
– Inicie com uma declaração ou história que envolva sua própria experiência.
– Gera empatia, as pessoas precisam confiar no comunicador, para que se abram à mensagem.
– Cuidado para não parecer soberbo ou o “sabe-tudo”. É importante demonstrar que sabe o que as pessoas estão passando, porque também passa pelas mesmas coisas.
NÓS – “Vocês também devem passar por isso.”
– Esse é o momento de criar a tensão, onde as pessoas vão começar a perceber que têm um problema, uma crise, algo a ser resolvido ou trabalhado.
– Antes de dar a resposta, você precisa ter certeza de que as pessoas estão buscando essa resposta, só assim você será relevante.
– Deve levar as pessoas a indagarem “O que devo fazer quanto a isso?” ou gerar o sentimento de “É isso aí, eu também passo por isso”.
DEUS – Bíblia, resposta de Deus para a situação. “Deus sabia que teríamos dificuldades, por isso Jesus tratou desse assunto quando…”. “Nós não somos os únicos a passar por isso, Davi também teve seus questionamentos…”
– Aqui é o centro, a Bíblia, o texto — que Deus pensa sobre o assunto.
– Encontre o equilíbrio no aprofundamento. Suas pregações não devem ser nem superficiais, nem uma tese de doutorado.
– Envolva as pessoas, conte a história.
VOCÊS – Desafio pessoal, como você vai fazer isso agora
– Essa é a parte da aplicação (embora ela já venha sendo feita ao longo da mensagem).
– É quando respondemos o “E daí?”
– É necessário encontrar uma aplicação prática, direta. Ao invés de dizer “Vamos meditar na palavra…”, prefira propor alguma ação prática como “Deixe sua bíblia aberta no texto X na frente da TV…”.
– Forneça aplicações em relação aos círculos concêntricos (de mim, para família, amigos e mundo), em relação aos diversos estágios da vida (casados, solteiros, pais, estudantes, aposentados) e em relação ao binômio crentes/não crentes.
NÓS – Idealize como seria se todos vivessem assim.
– É o momento de lançar a sua visão para a Igreja, comunidade, e para a vida das pessoas.
– Inspire as pessoas para que elas vejam por que devem fazer o que você acabou de sugerir, como a vida vai melhorar, como elas vão mudar a si ou para o mundo.
III – Regras de envolvimento
Por fim, essas são algumas regras para você entregar seu sermão de forma mais envolvente e compreensível para o público:
- Verificar a velocidade – O cérebro é mais rápido que a fala, aumente suavemente a velocidade de sua fala, pois isso torna mais agradável para quem está ouvindo, auxiliando para que não divaguem. Mas não dê a impressão que está correndo com o assunto para dar tempo de falar tudo, pois desvaloriza a pessoa em detrimento do conteúdo.
- Devagar nas curvas – Indique claramente quando estiver fazendo uma transição para que as pessoas não sejam pegas de surpresa.
- Navegue pelo texto – Ao invés de ler direto uma passagem longa, faça comentários no meio da leitura, explicando às pessoas e elucidando palavras difíceis ou estranhas. Interaja com as pessoas: se o texto é frustrante, demonstre isso, pois outras pessoas estarão pensando sobre isso. Diga frases como: “Se eu pudesse apagar uma passagem da bíblia, seria essa…” ou “É difícil acreditar nisso, né?” ou “Está na cara que Jesus não conheceu sua mulher”. Tente resumir o texto com uma declaração bem elaborada, que faça com que as pessoas lembrem.
Esperamos que esse material seja útil para que você realize sermões cativantes, que ajudem mais pessoas a serem transformadas pelo evangelho.
Acesse o link para saber mais sobre o livro “Comunicação que Transforma. Ensinar para Impactar Vidas” de Andy Stanley e Lane Jones.