Você já leu Ezequiel 28 e Isaías 14 e ficou se perguntando: “Esse texto está falando mesmo do diabo ou só do rei de Tiro e da Babilônia?” Essa é uma das passagens mais curiosas e debatidas de toda a Bíblia — e a resposta muda completamente a forma como entendemos a origem do mal, a queda de Satanás e até o próprio plano de Deus para a história.
O professor Matheus Hetti mostra como esses capítulos usam o estilo profético de duplo cumprimento para revelar, ao mesmo tempo, o juízo sobre reis humanos e a história pregressa de Lúcifer.
Este conteúdo é uma adaptação da aula de Matheus Hetti, apresentada no vídeo A HISTÓRIA de LÚCIFER na Bíblia – Ezequiel 28 — você pode assistir ao trecho completo logo abaixo.
Pontos Principais
- Ezequiel 28 fala só do rei de Tiro ou também de Satanás?
- Como um querubim perfeito acabou se tornando o diabo?
- Existiu um “Éden celestial antes do jardim de Gênesis?
- Por que a queda de Lúcifer é a raiz do pecado de Adão e Eva?
- Deus criou várias raças de seres inteligentes antes da humanidade?
- De onde veio a ideia de que Lúcifer era o “maestro do céu”?
O Querubim perfeito que habitava no Éden celestial
Ezequiel 28:12-15 descreve alguém que era “o selo da perfeição, cheio de sabedoria e formosura”. Estava no Éden, jardim de Deus, coberto de pedras preciosas, era querubim ungido da guarda e andava no monte santo de Deus. Tudo isso antes de ser encontrada iniquidade nele.
O texto está dirigido ao rei de Tiro, mas vários detalhes não cabem em nenhum ser humano: estar no Éden antes do pecado, ser querubim ungido, andar no brilho das pedras no monte santo. Esses elementos apontam para uma realidade maior: Deus está revelando, por trás do rei terreno, a trajetória de Lúcifer antes de sua queda.
Principais características do querubim antes da rebelião:
- Criado perfeito em sabedoria e beleza
- Querubim da guarda ungido (posição de máxima proximidade com Deus)
- Habitava no monte santo celestial e num Éden anterior ao de Gênesis
- Responsável por algum tipo de comércio ou administração espiritual
A queda por orgulho e corrupção
O motivo da queda foi claro: “Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura, corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor” (Ez 28:17). Em Isaías 14:13-14 aparecem os famosos cinco “eu”:
- Subirei ao céu
- Exaltarei o meu trono acima das estrelas de Deus
- Assentarei-me no monte da congregação
- Subirei acima das nuvens
- Serei semelhante ao Altíssimo
Esse desejo de ser como Deus é exatamente a mesma tentação que ele usou com Eva: “sereis como Deus” (Gn 3:5. A raiz do pecado humano é a mesma raiz da queda angelical: querer tomar o lugar do Criador.
Um Éden antes de Adão e várias criações?
Quando Adão e Eva aparecem em Gênesis 2-3, a serpente já é chamada de “antiga serpente” e João confirma em Apocalipse 12:9 que ela já era o diabo. Isso significa que a queda de Lúcifer aconteceu antes da criação do homem.
Alguns detalhes sugerem que a Terra já passou por ciclos anteriores de criação e juízo:
- Querubins com comércio e na Terra antes do pecado humano
- A Terra ficando “sem forma e vazia” entre ciclos (Gn 1:2)
- Deus recriando o planeta várias vezes para novas raças inteligentes
Nós, humanos, não somos a primeira criação de Deus — somos apenas a atual. Haverá uma nova terra e, provavelmente, novas criaturas inteligentes que vão conviver com os salvos na eternidade.
Conclusão
Ezequiel 28 e Isaías 14 não são apenas juízos contra reis orgulhosos da antiguidade. São janelas para o mundo espiritual, mostrando a origem do mal, a perfeição perdida de Lúcifer e o plano eterno de Deus que atravessa múltiplas criações até chegar à nova terra prometida.
Entender essa história amplia nossa visão da soberania divina, do combate espiritual e do motivo pelo qual o orgulho é tão destrutivo — porque já destruiu o mais elevado dos seres criados.
O curso de dois anos mergulha fundo na teologia da história de Israel, escatologia, angelologia, cosmologia bíblica e muito mais, conectando cada detalhe da narrativa das Escrituras.
